quarta-feira, 9 de maio de 2012

É você.


E mesmo envolta em nuvens cinzas, carregadas de vontade de chorar, ainda consigo sentir a brisa que me inebriou quando você chegou. Macia, suave, quase doce...
Era verão, o sol trucidava meu bom humor, mas você apareceu e eu só via a primavera. Com todas as flores desabrochando, um vento fresco, e melodias leves, quase de ninar. 
Você sério, intocável, pareceria até errado, se não fosse exatamente certo assim.
Eu tinha medo, chovia cá dentro, num grande e amargo inverno, mas a paixão, tendo lá seus mistérios, faz o sol nascer. E nasce sorrindo, sem queimar, vermelho arroxeado, com um tanto de azul, só porque prefiro assim.
Não tinha um porque, com certeza havia um quando. Com toda a urgência de te ver. Quando, quando, quando. E seu olhar cruzava o meu; e meu corpo ansioso pelo seu... por um simples esbarrão. Que nunca acontecia.
Então corria pra casa, para aquele lugar que nos conectava, do jeito que eu sentia que tinha que ser. Me deixava levar, talvez para saber aonde iria, o que escutaria de alguém que não queria nada. 
E eu também achava que não queria, mas e se tivesse que ser assim, para, ainda bem, os dois mudarem de ideia?
E o céu parecia, irritantemente, cada vez mais azul. As nuvens, outrora cinzas, desta vez mais brancas e com bobos formatos de amor.
Acontece o toque, num impulso (des)controlado do meu corpo. Tensão, talvez. Ou não.
Era vez do tornado, chacoalhando-me. Violento, quente, quase sólido...
Certas coisas, depois, não têm saída. Quando meus cortes se encaixaram nos seus, quando meu corpo se encaixou no seu, por um breve momento - infinito em magnitude -, tive certeza.
Era você.



- Rita Marcelino

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