sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sobre amar

João,

Acho bastante válido conseguir se doar. Não necessariamente a outrem, mas às estações, ao vento, ao sensível prazer de sentir. Sentir-se. Parte do todo de todo amor.
Amar é fácil, João. Basta sorrir, inspirar algumas imperceptíveis partículas doces, expirar as amargas, ou não. Não venho cá trazer a fórmula, mas humildemente dizer que é simples, meu amigo. É simples demais. É entregar-se com tal zelo ao profundo e entorpecente “quiçá” da vida. “Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.”
Mas, ah, meu amigo, antes fosse tão simples! O amor tem tantos labirintos, tantas idas e vindas, mas nunca se vai. Basta uma imagem, um flash aesthesis qualquer e já se enrola, e pula, e grita, e corre... Diabo de criança é esse amor! E se é hora de esquecer, não foge, não ajuda, não silencia. Criança malcriada é esse amor! Mas é bom, João, é bom...
E dói. Dói porque é simples demais se perder. Dói porque a cama está vazia e só há uma taça de vinho. Dói entre cada abismo silencioso no labirinto, transformando cada corredor em um infinito breu. Quando a solidão de uma risada ecoa pela casa estrondosamente; quando é preciso encher a cabeça para anular o coração; quando o café é só para um... Dói, João, esse amor dói.
Mas há dias coloridos, meu amigo, posso jurar que sim. Aqueles dias em que se amanhece cantante: “here comes the sun!”. O amor é bom. É sentir o perfume primaveril penetrar em cada poro; fantasiar o impossível; sentir arrepios na pele; sorrisos extasiados, bobos, incontroláveis. O amor é bom, sim. É poder se sentir capaz de tudo, quem sabe até de voar. Mas já se voa, João...
Quando se ama, a gente voa. Para algum lugar distante demais do normal, porém tão perto de nós mesmos. Não posso te explicar exatamente como chegar, João, mas te juro: é só amar.

- Rita Marcelino

3 comentários:

Anônimo disse...

Menina, qnd eu te contei o q sentia pra (d)escreveres tão fielmente aqui...? rs
tô até respirando mais leve...
Entorpecente quiçá... É bom, João, é bom...

Bejos, Rita...

Jeyson Rodrigues disse...

Olá, moça. Feliz porque Vandejer me apresentou teu texto. Prazer revê-la e dessa forma poeticamente estética, esteticamente poética, flashaesthesicamente (rsrs) livre, livremente voando, amante, sobre seus próprios labirintos ou mergulhando caótica e apaixonadamente no mais profundo breu q eles podem oferecer. "Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão." Parabéns. Belíssima carta, belíssimo texto, belíssimo amor.

Morgana Medeiros disse...

Pois eh..Esse tal de amor!Eh simples,bem simples! Porém complexo!

Fiz um poema que descreve um pouco sobre esse "sentimentozinho" tão bom.Vê lah: http://mmedeiross.blogspot.com/2011/03/esse-tal-de-amor.html

Adorei seu texto.Belíssimo!Parabéns!!