Mais uma
vez estou nesse ônibus esperando, inutilmente, que me leve até
você. O trânsito caótico passa despercebido sob o pôr-do-sol.
Sinto sua falta. A cada rua, esquina, curva.
Meu
olhar desfoca, procura ao longe algum motivo para não achar a cidade
tão... pálida. Talvez porque eu esteja perdendo as cores em mim. As
buzinas estridentes tão comuns na hora do rush parecem abafadas,
como se acompanhassem minha viagem interior. E eu quase posso sentir
seu cheiro... Sinto sua falta no meu sorriso, que esses dias anda tão
sem graça.
Olhando
as luzes naturais se apagarem, com o coração meio apertado, meio
choroso, meio admirado com a quantidade do que se sente, tudo parece
mais escuro. Como quando a lâmpada vai perdendo força e cria
sombras. É meio engraçado, meio triste. Ando esperando o dia que
me sentirei melhor... “Feliz Aniversário, feliz aniversário”.
Imagino
o que estarás fazendo... é só o que posso fazer. Com sorte, sentes
a minha falta também. Igualzinho como quando as peças se encaixam
ou quando o destino faz o favor de te esbarrar no amor. Estava só
procurando minha metade de alma torta, janelas quebradas, mas ninguém
me disse que há força na vulnerabilidade, só me disseram para não
chorar.
Sinto
sua falta no meu olhar que vai se tornando cada dia mais cinza. Sei
que soa demasiado bobo, exagerado, com certeza.
Mas é
saudade...
Rita Marcelino